domingo, 19 de julho de 2009

Rosas de Santa Maria

A história é conhecida: ia a rainha Isabel em seus cuidados, o manto fechado e o passo um tudo-nada apressado para uma senhora da sua qualidade e futura santa. Levava umas tantas coisas para dar aos pobres, informa a “Crónica dos Frades Menores”; e assim seria.
Homem de mau génio, apesar de rei lavrador e trovador, Dinis, o marido, surpreendeu a consorte naqueles preparos, questionando-a sobre o que levava escondido entre as roupas. Rosas, era a resposta esperada pelo figurão real, sem saber onde fora buscar ideia tão estapafúrdia. Não corou a esposa, como costumava, e, segura de si, lhe calou as suspeitas, declarando: “São livros, senhor. Livros, por Santa Maria!”, posto o que tirou do regaço um Flos Sanctorum, um Livro de Horas, mais outros dois ou três livritos pequenos), passando-os ao consorte, que os recebeu, entre mostras de contentamento e de incredulidade.
Lenda, milagre ou história inventada, aqui fica.
Sabe-se que Dinis ficou na História, também, como grande cultor das letras e que Isabel a fizeram santa, prémio justo para quem, entre outros predicados, sabia que os livros têm esse grande dom de dar satisfação e apaziguar maus fígados.
De outros que andam por aí a espalhar livros se ouve falar de vez em quando. Como os biblioburros Alfa e Beto, que Luís Soriano carrega de livros (um burro carregado de livros…) para os distribuir por crianças e adultos espalhados pela selva colombiana, uma biblioteca itinerante que vai nos 10 anos de idade e que fez primeiras páginas da imprensa em todo o mundo e que dá pretexto a cerca de 14 mil entradas no Google; ou o seu equivalente venezuelano – as bibliomulas – de idêntico serviço e sucesso. E há a história caseira, de Nuno Marçal, directamente de Proença-a-Nova para o país e o mundo.
Descoberto recentemente pela comunicação escrita (“O almocreve do século XXI”, no Reconquista, de 7 de Maio de 2009; “O bibliotecário ambulante”, na revista Ler, de Maio 2009), o homem faz serviço de bibliotecário ambulante já há uns anitos, levando meios de informação, de cultura e de lazer a sítios onde não chegavam antes. Como ele explica, em palavras e imagensm, no seu net_sítio – http://opapalagui.blogspot.com/ .

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De sopas, prolongamos por mais um tempo o desafio da sopa de letras da semana passada. Com a promessa de sopas frias, proximamente.

2 comentários:

  1. Segundo ouvi a certo médico de Coimbra, não houve milagre nenhum. O que a rainha Isabel levava escondido eram mesmo rosas, rosas brancas, com que fazia chá ao rei, a fim de lhe acalmar os ímpetos sexuais, de que resultaram 31 filhos!
    Santa se tornou, por ter aturado tal rei, que fez tudo quanto quis!

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  2. Na região de Castelo Branco, quem não conhecia as festas da Rainha Santa Isabel de Tinalhas?
    Pois elas terminaram há anos e o terreiro ficou ao abandono.
    Soube agora que por imposição do pároco da paróquia, por nunca ter sido concluído o processo de santificação da nossa Rainha Isabel.
    Mas o povo continuou a festejar a sua rainha, entre família e amigos. E este ano, a Associação "Sumagre" organizou a festa, com procissão e tudo! E levaram a Rainha Santa Isabel, em ombros, a passear pelas ruas de Tinalhas.
    Mainada!, como diria o autor do blogue "Baságueda", de Aldeia do Bispo, Penamacor.

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